quarta-feira, 6 de maio de 2015

Santo Antão: de Fontainhas a Formiguinhas

Para o amigo J., com um abraço da família,

De Ponta do Sol a Fontainhas segue-se por um caminho estreito junto ao mar. Vou tirando fotografias e medindo as curvas. Lembro-me de perguntar ao motorista do aluguer o que é que se faz se parecer um carro de frente, olha para mim a desconstruir a pergunta para crioulo e risse.
Talvez nunca vá aparecer um carro de frente.

O aluguer vermelho desfaz curva atrás de curva, sobe, desce, abranda para me deixar registar a paisagem. Lá dentro estou eu, uma amiga, uma mãe e uma filha de uma família para quem trazemos cumprimentos de Portugal.
O aluguer continua a quebrar as curvas junto ao mar e vai mostrando pequenos cultivos esverdeados nas escarpas da montanha.

Fontainhas está lá em baixo num dos altos da montanha. Não são mais que um conjunto da casas coloridas bem arrumadas. À sua volta há montanha e a próxima povoação ainda se esconde dos nossos olhos.


O aluguer pára num pequeno largo. Somos convidadas a subir a ladeira, para entregar os abraços de familiares de longe. Entrámos na primeira casa, sentámo-nos. Subimos mais um pouco até encontrar a tia avó. O espanto desfaz-se num longo abraço e em dois beijos. Somos convidadas a entrar. À oferta de sumo ou sopa aceitámos sopa.
Brincámos num crioulo apressado e depois da sopa partimos para as montanhas, com a promessa de regressarmos para um chá.

O sol aquecia as pedras e o corpo. Fomos percebendo o sentido dos bastões que viramos no porto. Umas botas também faziam bem sentido, dado o declive do terreno... Quem sabe, sabe... e disso não se pode duvidar.

Cruzámo-nos com outros caminhantes e com as estações da via sacra. Perco-me a imaginar como será uma via sacra naquele lugar, o quanto se padecerá com uma cruz às costas.


Pouco depois chegámos a Corvo e entrámos a loja do Manuel. Era melhor comprar mais água para o caminho.
Na loja do Manuel pode-se fazer uma refeição, mas é preciso encomendar. Por isso, depois de uns quantos dedos de conversa comprámos bolachas a retalho e recebemos bananas como oferta.
Continuámos caminho no sobe e desce das curvas onde não passam carros. Acredito que só haja espaço para pouco mais que um carrinho de mão.


Depressa chegámos a Formiguinhas. A ideia era ir até Cruzinha, mas em Fontainhas percebemos que seria difícil conseguir um transporte para Ponta do Sol, por isso o tempo não chegava para ir mais além e voltar antes das 18h.
Esticámos as pernas e trocámos uns quantos dedos de conversa no Bar Mar Vila, da senhora Isabel. Desde que se encomende também se pode comer neste lugar calmo junto ao mar. O centro da vila fica um pouco mais à frente, no mesmo lugar onde fica a escola primária.
De regresso a Fontainhas cruzámo-nos com o irmão da senhora Isabel, que perguntou se vínhamos de lá. Aqui todos se conhecem e quase todos serão familiares.

Em Corvo mais dois dedos de conversa sobre Viana do Castelo, que é geminada com Ribeira Grande.
Em Fontainhas esperava-nos um chá de cidreira acompanhado de bolinhos de banana e pão. Mais sorrisos e abraços e fotografias para mostrar à família de longe.
O aluguer levou-nos de volta à Ponta do Sol, para um caldo de peixe no "Gato Preto".






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