domingo, 10 de maio de 2015

O corpo no Fogo

Para corpos viajados, 

O corpo banhado e meio descansado procurou a recepção da Pousada. Precisava pagar o quarto porque no outro dia sairia bem cedo para regressar no voo para a Praia.
Abriu a porta, fechou a porta, entrou pela porta, curvou à direita, deu bom-dia e entrou. Pediu para  pagar, fez perguntas, ouviu respostas.
O ouvido sentiu o estômago e a boca perguntou onde podia enchê-lo. Do outro corpo ouvi que o pequeno-almoço do dia seguinte podia ser tomado nesse mesmo dia.
Nessa ideia de futuro presente o corpo agradeceu, saiu a porta, percorreu o corredor, virou à direita, entrou numa sala e olhou atentamente as chávenas e as garrafas térmicas sobre a mesa. Um outro corpo indicou-lhe o lugar onde se devia sentar. Pão, manteiga e queijo da terra preencheram a mesa. O café jorrou para a chávena, a mão abriu o pão, retirou-lhe o miolo e depositou-o na boca. A mão encheu a alma do pão com queijo e levou a chávena de café à boca. Os movimentos iam-se repetindo, quando na sala alguém deu bom-dia. A mente ficou curiosa e foi fazendo apostas sobre quem seria tal hóspede, que parecia ter vindo para as festas. A mente gosta de fazer estas adivinhações sobre as pessoas que encontra, ela sabia que haveria possibilidade de obter resposta para as suas perguntas, por isso limitou-se a folhear o guia de viagem, para traçar o plano dia e a fazer algumas perguntas sobre o dia anterior. Fechou o guia, despediu-se num até logo e voltou a percorrer todas as portas que havia percorrido, escovou os dentes e sentiu-se pronto a descobrir a cidade no último dia de festa.
 Bom-dia Fogo, bom-dia S. Filipe.




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