aos que têm saudades,
sento-me na beira do cais e escrevo-te: saudades.
deixo um espaço e entre as reticências olho os barcos imóveis do cais, numa mistura de medo e desejo de entrar num deles.
olho a folha em branco e a caneta imóvel em pensamentos.
tenho saudades da terra que ficou, da areia que se perdia entre os dedos.
saudades das pessoas que olham os barcos que querem partir e não partem.
avanço duas linhas como se avançasse nestas ruas esburacadas há anos, como se deixasse os olhos presos nas casas que vão ficando velhas de velhas e talvez um dia já não existam mais aqui porque ninguém as renova num abraço,
avanço três linhas e encontro conhecidos, perco-me em abraços e em dois dedos de conversa enchem-se dois palmos de estômago,
esqueço que estou na beira do cais à espera que barcos imóveis partam,
esqueço-me das saudades...lembro-me dos beijos que escrevo em letra redonda antes do ponto final.
volto a casa, volto a ti para lembrar saudades
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