a mala está vazia e de fecho corrido. por magia, há uma mão que lhe contraria o movimento do fecho.
a mala está aberta, pronta a encher-se.
entra uma peça, outra e mais outra.
no topo o tapete de yoga.
a mala está fechada e de bilhete na mão. já conhece o ritual de apanhar um táxi e negociar para chegar ao aeroporto, juntar-se a outras malas desconhecidas com quem troca palavras de conversa.
vai aprendendo que viajar sozinha a transporta para outras conversas. De algumas foge com balanço, com outras balanceia.
medita, faz yoga, caminha, perde-se menos na descoberta de lugares, está mais solta, mais ela.
chega ao destino e o ritual repete-se, fica mais leve sem o cadeado e o fecho deixa-se levar. saem roupas entram papéis e lembranças para meio mundo do seu coração.
trabalha, passeia-se, prova novos sabores, abraça amigos, conversa com mais desconhecidos, troca sorrisos, ouve piropos de pretendentes de viagem.
volta a casa com mais mundo aprendido.
esvazia-se, deixa-se encher. cumpre os rituais numa ordem diferente.
a mala está mais viajada e cheia de mundos no coração costurado.