para os viajantes das águas claras,
debruço-me a medo na amurada do barco, fujo do olhar das ondas, centro-o nos navios que entram e saem do porto, conto-lhe as letras e a velocidade.
acedo ao convite para cruzar o barco e lá ao fundo começa a surgir a ilha de Gorée. tento captar as primeiras imagens desfocadas e deixo que a imaginação recue a tempos que não conheço. a tempos em que portugueses, franceses e holandeses aportavam por lá no tráfico de escravos.
passados vinte minutos já senti a areia em conversa com os dedos dos pés. fui registando a paisagem que inundava esta conversa até ao forte, que agora serve de museu (como me lembrou São Tomé).
entre ruas estreitas cruzei buganvílias e palavras novas, comprei a minha primeira peça de decoração e enchi a boca com a doçura do sumo de bissape.
entre ruas estreitas cruzei buganvílias e palavras novas, comprei a minha primeira peça de decoração e enchi a boca com a doçura do sumo de bissape.
deixei que o olhar se prendesse na leveza do mar e se desprendesse em cada obra de arte exposta nas galerias das ruas
lá longe o sol começava a descer e a encher-se de um amarelo areado: era hora de apanhar o barco de volta para a capital, entre o "excusez-moi" de gente que ignora a existência da fila de espera só porque quer ser a primeira a embarcar
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