Para um abraço acolhedor,
Phnom Penh sempre lá esteve, mas ficou para ser visitada no fim, na esperança de um tempo que não passa, mas que vai passando no calendário e se aproxima da data de regresso marcada no bilhete de avião.
Neste deixar para descobrir depois, o guia de viagem não me despertou o interesse por certos locais e como (quase) sempre deixei-me levar pelo instinto, sem arrependimentos do que não foi visto e poderá (ou não) vir a ser um dia...
Neste deixar para descobrir depois, o guia de viagem não me despertou o interesse por certos locais e como (quase) sempre deixei-me levar pelo instinto, sem arrependimentos do que não foi visto e poderá (ou não) vir a ser um dia...
Nas primeiras semanas, Phnom Penh passou pelos meus olhos a pé e de tuk-tuk, quando o tempo corria, quando o sol esquentava, quando tinha de ser para chegar mais longe. Nesse tempo levantei os olhos para ver as redondezas e baixei-os no Toul Sleng Genocide Museum, levantei-os no Tuol Tompoung Pagoda, à procura de ensinamentos, centre-os no Russian Market, à procura de cada novidade entre sedas, deuses, roupas, bijuteria, frutas e tão mais que um mercado tradicional pode oferecer num labirinto quadrado ou talvez retangular.
De bicicleta cheguei mais longe, tive vontade de cruzar a ponte para outra margem, mas fiquei do lado de cá, para ver o monumento da independência, para me perder nas ruas e me encontrar no caos calmo do trânsito, para orar no Wat Phnom, para me deixar encantar pelo Palácio Real e me deixar levar no sonho de cada uma das pombas, que percorrem os jardins exteriores e viajar ao lado do River Side ou me perder no Central Market.
Phnom Penh foi um lugar para me perder e encontrar, não que a geografia da cidade seja difícil, mas para o meu sentido desorientador nem sempre é evidente que para chegar à padaria, por exemplo, é preciso virar na segunda rua e seguir sempre em frente, porque os olhos se perdem e de repente a segunda rua passa a ser a terceira.
Assim perdida em reencontros fui apurando o meu sentido de atenção, mas houve um dia em que olhei para o calendário e ele tinha a mesma data do bilhete de avião - era hora de receber um abraço acolhedor para me perder na barriga de um avião.
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